Blog dos sequelados para postagem de idéias e impressões a respeito de praticamente tudo
Blog dos sequelados para postagem de idéias e impressões a respeito de:
- cinema, da Nouvelle Vague e Western Spaguetti ao Cine Trash;
- música, do Death Metal passando por Blues, Bezerra da Silva, chegando em Mano Lima;
- literatura, do papo cabeça à série Crepúsculo;
- televisão, do lost à novela das oito;
- futebol, de salão, de botão, 7, society e playstation.
enfim, TODO e QUALQUER assunto (mesmo).
É inevitável sair da primeira audição deste quarto trabalho solo do baixista CJ Ramone com a impressão de Déjà vu. Tudo soa conhecido na renovada parceria entre CJ e Paul Miner como produtores, lançado em 10 de maio de 2019.
Mas não é apenas a reeditada dobradinha de American Beauty a responsável pela sonoridade familiar. Pesa, e muito, o fato de CJ parecer ter encontrado sua identidade como músico (em nada lembrando seus trabalhos anteriores – Los Gusanos e Bad Chopper).
Apesar da escolha pra capa ilustrar melhor um álbum ao vivo (talvez a esta altura imaginado pelo músico), The Holy Spell… não é um disco disruptivo, ele reafirma o que o artista já apresentara em seus trabalhos anteriores e por isto não chega a ser unanimidade.
Para os não tão críticos a boa nova é que, a exemplo do que fizeram os Ramones, CJ encontrou sua fórmula e para isto não precisou se tornar uma cópia do que fora um dia o quarteto mais importante da história do punk.
As quase surf music Stand up e One High One Low resgatam Understand Me e Let’s Go, com a mesma pegada das predecessoras. This Town segue nesta levada falando em se divertir no sol da Califórnia, pra onde ele recentemente se mudou com a família.
Duas canções não são originais, Crawling From The Wreckage (Graham Parker) e There Stands The Glass (Webb Pierce), aqui interpretadas por CJ, Dan Root e Pete Sosa na velocidade costumeira para um ouvido ramônico. Movin’ on percorre o caminho inverso reverberando influências folk numa história onde ele acaba preso por um caçador de recompensas e sua mãe não consegue pagar sua fiança – mais Johnny Cash impossível.
Em I’m Disappointed a estrada e os fãs são pano de fundo pro lamento de quem se vê cada vez mais gordo e desapontado por ter se tornado o que mais desprezava. Waitin’ on the Sun fala sobre superar as coisas ruins com otimismo e que, mesmo sentindo-se solitário, “coisas boas estão por vir” (talvez um conselho pra ele próprio por ter escrito I’m Disappointed).
Em Hands Of Mine ele desacelera e entrega a melhor canção do álbum em uma tocante declaração de amor aos filhos.
A esta altura o eco de Reconquista, Last Chance to Dance e American Beauty é evidente, assim como a disposição do caçula ramone em contar histórias. É o que ele faz em Postcard from Heaven e Blue Skies, passando a limpo os acertos e cabeçadas que damos vida afora.
“Não consigo escrever outra canção triste” avisa o baixista, antes de falar da falta que o o amigo Steve Soto faz. A exemplo do que já fizera com Joey, Johnny e Dee Dee em Three Angels e Tommy em Tommy is Gone.
Morto em junho de 2018, o fundador da lendária The Adolescents acompanhou CJ da gravação dos discos às excursões e sua falta é definida de maneira grandiosa: “Gostaria de ter mais vinte anos com você”.
Ficha Técnica:
Fat Wreck Chords – produzido por CJ Ramone e Paul Miner
CJ Ramone – baixo, guitarra e vocal
Dan Root – guitarra
Pete Sosa – bateria
Edição Original
A1 One High One Low
A2 This Town
A3 Crawling From The Wreckage
A4 I’m Disappointed
A5 Waitin’ On The Sun
A6 Hands Of Mine
B1 There Stands The Glass
B2 Movin’ On
B3 Stand Up
B4 Postcard From Heaven
B5 Blue Skies
B6 Rock On
Relato íntimo, minucioso e apurado da vida do maior artista que o rock n’ roll já produziu. Não por acaso aclamado como Rei do Rock, Elvis Presley nos deixou em agosto de 1977 e ainda assim continua presente no imaginário popular.
O flashback e flashfoward do diretor Thom Zimny funcionam muito bem tendo como pivô o show feito em 1968 para NBC. 68 Comeback Special, como ficou conhecido, não só pôs Elvis novamente em evidência como aqui é referência para entendermos o artista, suas angústias, seus desafios e sua música – de onde partiu e onde se propôs a chegar.
A produção da HBO soma três horas e acabou dividida em duas partes, o que se mostra desnecessário pois a incomparável seleção de fotografias e filmagens cobrindo a trajetória de Elvis (das suas origens à sua morte e consequente criação do mito) torna impossível pausa ou adiamentos.
A ousada aposta da narrativa cem por cento em voz over permitiu o máximo proveito em tela do garimpo feito pelo diretor. E a seleção de narradores e entrevistados também é luxuosa: Priscilla Presley, Coronel Tom Parker, Tom Petty, Bruce Springsteen, Sam Phillips, Red West, Scotty Moore e DJ Fontana, para citar alguns.
Uma aula, para entender a vida de uma das figuras mais emblemáticas do show business mas também, de como se produz um documentário com eficiência e apuro visual.
A trilha sonora oferece um belo resumo da obra deste artista sem igual, em CD ou LP com 18 canções que sintetizam os diferentes momentos narrados em vídeo.
Como se não fosse o bastante, a versão de luxo com três cds inclui um livreto de 40 páginas com fotografias raras além de 37 canções extras. O último disco apresenta composições originais de Mike McCready (Pearl Jam), uma seleção de artistas que influenciaram a obra de Presley: Arthur “Big Boy” Crudup (That’s All Right), The Blackwood Brothers (Rock-A-My Soul), Lloyd Price (Lawdy Miss Clawdy) e uma versão de Tom Petty para Wooden Heart.
Descrever aqui a trajetória de Elvis seria um desperdício para iniciantes e desnecessário para iniciados. Assistir The Searcher, no entanto, trata-se de uma experiência não só obrigatória, mas também, definitiva.
Elvis Presley: The Searcher (The Original Soundtrack) – CD/Digital
01. Trouble / Guitar Man
02. My Baby Left Me
03. That’s All Right
04. Baby Let’s Play House
05. Heartbreak Hotel
06. Lawdy, Miss Clawdy
07. Hound Dog
08. Crawfish
09. Mona Lisa
10. Milky White Way
11. Like A Baby
12. Are You Lonesome Tonight?
13. It’s Now Or Never
14. Tomorrow Is A Long Time
15. Suspicious Minds (take 6)
16. Separate Ways (rehearsal version)
17. Hurt (take 5)
18. If I Can Dream
Elvis Presley: The Searcher (The Original Soundtrack) [Deluxe] – 3CD Deluxe Box Set
Disco 1
01. Trouble / Guitar Man
02. My Baby Left Me
03. Baby, What You Want Me To Do
04. Old Shep
05. That’s When Your Heartaches Begin
06. That’s All Right
07. Blue Moon Of Kentucky
08. Fool, Fool, Fool
09. Tweedlee Dee
10. Baby Let’s Play House
11. Good Rockin’ Tonight
12. Trying To Get To You
13. Blue Moon
14. When It Rains It Pours
15. Blue Christmas
16. Heartbreak Hotel
17. Lawdy, Miss Clawdy
18. Money Honey
19. Hound Dog
20. (There’ll Be) Peace In The Valley (For Me)
21. Crawfish
22. Trouble
23. Farther Along
24. Mona Lisa
25. Hide Thou Me
26. Loving You (end title take 16)
27. Lonely Man (solo version)
28. Power Of My Love
Disco 2
01. Milky White Way
02. A Mess Of Blues
03. Fame And Fortune
04. Love Me Tender / Witchcraft (duet with Frank Sinatra)
05. Like A Baby
06. Are You Lonesome Tonight?
07. It’s Now Or Never
08. Wooden Heart
09. Swing Down Sweet Chariot
10. Reconsider Baby
11. Bossa Nova Baby
12. C’mon Everybody
13. Tomorrow Is A Long Time
14. Take My Hand, Precious Lord
15. Run On
16. Baby What You Want Me To Do
17. Suspicious Minds (take 6)
18. Baby Let’s Play House (rehearsal)
19. Words (rehearsal)
20. That’s All Right
21. Never Been To Spain
22. An American Trilogy
23. You Gave Me A Mountain
24. Burning Love (rehearsal version)
25. Separate Ways (rehearsal version)
26. Hurt (take 5)
27. If I Can Dream
Disco 3
01. Dissolution 2 – Mike McCready
02. Satisfied – The Blackwood Brothers
03. That’s All Right – Arthur “Big Boy” Crudup
04. She May Be Yours But She Comes To See Me Sometimes – Joe Hill Louis
05. Mystery Train – Little Junior’s Blue Flames
06. Smokestack Lightning – Howlin’ Wolf
07. Rock-A-My Soul – The Blackwood Brothers
08. Just Walkin’ In The Rain – The Prisonaires
09. Rocket 88 – Jackie Brenston and his Delta Cats
10. Write Me A Letter – The Ravens
11. Blue Moon Of Kentucky – Bill Monroe
12. Ain’t That Right – Eddie Snow
13. Just Walkin’ In The Rain – Johnnie Ray
14. Lawdy Miss Clawdy – Lloyd Price
15. Home Sweet Home – Gladys Presley
16. Blowin’ In The Wind – Odetta
17. Tomorrow Is A Long Time – Odetta
18. The Weight – The Staple Singers
19. Heartbreak Hotel – The Orlons
20. Wooden Heart – Tom Petty and the Heartbreakers
21. Rebound – Mike McCready
Elvis Presley: The Searcher (The Original Soundtrack) – 2LP
Lado A
1. Trouble / Guitar Man
2. My Baby Left Me
3. That’s All Right
4. Baby Let’s Play House
5. Heartbreak Hotel
Lado B
1. Lawdy, Miss Clawdy
2. Hound Dog
3. Crawfish
4. Mona Lisa
5. Milky White Way
Lado C
1. Like A Baby
2. Are You Lonesome Tonight?
3. It’s Now Or Never
4. Tomorrow Is A Long Time
Lado D
1. Suspicious Minds (take 6)
2. Separate Ways (rehearsal version)
3. Hurt (take 5)
4. If I Can Dream
A banda acaba e o baterista monta um novo grupo assumindo os vocais, ele passa então a lançar discos e excursionar pelo mundo. Soa familiar mas não faça confusão, estamos falando do ex-ramone Richie Reinhardt.
Reinhardt deixou os Ramones em 1987 após gravar três albuns com a banda e excursionar fazendo cerca de 400 shows com os pioneiros do punk. Os Ramones se separaram em 1996, mas àquela altura já não se ouvia mais falar do ex integrante até que em 2013 ele reapareceu, empunhando o sobrenome mais famoso e lançando sua estréia solo, Entitled.
Em Cellophane, lançado em 5 de agosto de 2016, Richie Ramone volta ao estúdio depois de um longo período na estrada e retoma o trabalho anterior guinando desta vez mais para o punk rock dos discos que gravou ao lado de Joey, Johnny e Dee Dee.
Para o registro, ele conta com a companhia de Ben Reagan na guitarra, o produtor Paul Roessler nos teclados, além de Clare Misstake (baixo) e Alex Kane (guitarra) – ambos do Anti-product. Clare, que também passou a excursionar com Richie, já havia tocado com Marky no projeto Marky Ramone’s Blitzkrieg ao lado de Michale Graves.
Braggadocio abre os trabalhos, parceria do baterista com Adam Bones, que também co-assina Just to be clear e Your Worst Enemy. Um dos destaques é I Fix This, resultado do trabalho conjunto de Richie com o guitarrista Ben Reagan com direito a single e vídeo de divulgação.
What? é fruto de outra parceria, desta vez, de Tina DiGeorge e Richie que assina apenas três canções desacompanhado: a canção título Cellophane, I’m not ready e Pretty Poison, esta última composta nos tempos de Ramones mas não aproveitada pelo quarteto.
Tradição na discografia ramônica, tanto oficial quanto solo, a cover da vez fica a cargo de Enjoy the silence do Depeche Mode. Com tiragem inicial apenas em CD, Cellophane teve sua versão em vinil lançada só no ano seguinte, em edição limitada a 500 cópias.
Apesar do resultado menos empolgante do que de outros bateristas que se aventuraram como cantores, Richie declarou ter sentido-se mais à vontade nos vocais desta vez. E se o número de canções encolheu em comparação com o debut do artista, as releituras dos tempos de Ramone desta vez deram lugar a canções autorais.
Ele encerra a empreitada com a bela I’m not ready decretando “O céu pode esperar, diga-lhes que não estou pronto”.
Ficha Técnica:
DC-Jam Records – produzido por Paul Roessler.
Richie Ramone – bateria e vocal
Ben Reagan – guitarra
Clare Misstake – baixo
Alex Kane – guitarra
Paul Roessler – teclados
Edição em LP
A1 Braggadocio 3:23
A2 I Fix This 2:54
A3 Cellophane 4:36
A4 Your Worst Enemy 3:47
A5 Pretty Poison 3:18
B1 Enjoy The Silence 4:30
B2 Just To Be Clear 2:38
B3 What? 3:58
B4 I’m Not Ready 4:15
Edição em CD
01) Braggadocio (Richie Ramone / Adam Bones) (3.23)
02) I Fix This (Richie Ramone / Ben Reagan) (2.54)
03) Cellophane (Richie Ramone) (4.35)
04) Just To Be Clear (Richie Ramone / Adam Bones) (3.46)
05) Pretty Poison (Richie Ramone) (3.18)
06) Enjoy the Silence (Martin Lee Gore) (4.30)
07) Your Worst Enemy (Richie Ramone / Adam Bones) (2.58)
08) What? (Richie Ramone / Tina DiGeorge) (3.58)
09) I’m Not Ready (Richie Ramone) (4.15)
Quem procura acha e se você procurar referências no novo disco solo de CJ Ramone, irá encontrar. Lançado em 17 de março de 2017 pela Fat Wreck Chords, American Beauty é o terceiro trabalho solo do ex-baixista dos Ramones.
O disco começa como se fosse o lado C do LP anterior, Last Chance to Dance de 2014: Let’s Go tem solos faceiros de guitarra, marcação nas palmas e o título mais do que ramônico com uma letra que fala em cair na estrada mais uma vez. Coisa que CJ tem feito bastante, inclusive tocando na Argentina em momento histórico ao acompanhar Richie Ramone na celebração dos 30 anos do primeiro show da banda no país vizinho.
Yeah Yeah Yeah é sobre fugir de encrenca mas saber que, invariavelmente, ela o encontra. A sirene de carro de polícia é um saudável déjà-vu de Psicho Therapy e a canção lembra trabalhos solo de outro baixista, Dee Dee Ramone.
Se em 2012 CJ se desculpava com One More Chance e pedia mais uma chance para tentar fazer a coisa certa, em You’ll Never Make Me Believe ele parece ter escrito a resposta cética e taxativa ao pedido: “agora não tem jeito, você nunca me fará acreditar”. E segue, “você age como se fosse especial, vejo nos seus olhos mas sei que você é apenas louca, que grande novidade. não sou tão estúpido e menos ainda você é tão brilhante… estou cansado de todas suas histórias, estou cansado de todas suas mentiras e simplesmente não acredito mais em suas promessas vazias”. Impossível ser mais direto.
Before the Lights Go Out é uma balada no melhor estilo fim de festa. “por favor, faça uma coisa por mim: sussurre delicadamente antes das luzes se apagarem, diga que me ama girl. pela manhã eu terei partido e você estará sozinha”.
Girlfriend in a Graveyard lembra composições mórbidas da fase aura dos Ramones. Quem mais escreveria sobre encontrar uma namorada em meio a lápides, que pareça a noiva vampiro, em pleno jardim da sanidade?
As referências continuam em Tommy’s Gone com o baterista fundador da banda sendo lembrado – Tommy Ramone que morreu em 2014. Os outros três membros originais (Joey, Dee Dee e Johnny já haviam sido celebrados em Three Angels, canção de 2012) mas agora o toque é sutil e mais pessoal, comparável ao poder de The Bowery Electric, ocasião em que CJ e Tommy trabalharam juntos homenageando Joey.
Run Around (sobre perder mais do que ganhar e mesmo assim não desistir) e Steady as She Goes (exaltando a rotina de turnês, “um dia ruim na estrada é melhor que um dia bom em casa”) são duas levadas pra cima para dançar pelo salão como propunha o álbum anterior. Assim como Without You que empresta o riff inconfundível de The KKK Took my Baby Away e conta com vocais de Kate Eldridge da banda Big Eyes falando da dificuldade de se relacionar à distância.
Mais uma balada, Be a Good Girl, quebra o ritmo da trinca anterior com “baby baby baby seja uma boa garota e eu serei verdadeiro com você”. Moral to the Story conta três histórias com fim trágico mas deixa uma lição, “viva sua vida, você será lembrado por seu nome e suas histórias através daqueles que te amam”.
O disco encerra com a única canção que não leva assinatura do baixista e honra a tradição de incluir uma cover. Desta vez de Tom Waits que já havia cedido I Don’t Want To Grow Up para despedida da banda em ¡Adios Amigos! de 1995. Em Pony (original do disco Mule Variations de 1999) o trompete é vigoroso, e bem poderia ter sido gravado pelo próprio Waits.
A arte da capa ficou a cargo de Jessica Jill Guerra e é impossível não fazer alusão ao filme (também de 1999) com mesmo nome (Beleza Americana no Brasil) e estrelado por Kevin Spacey.
Embora American Beauty não alcance o êxito do debut Reconquista, também não chega a decepcionar. Os fiéis escudeiros Dan Root e Steve Soto repetem a parceria dos trabalhos anteriores segurando a bronca nas guitarras, desta vez acompanhados de Pete Sosa na bateria. É um disco que certamente irá envelhecer com o tempo a seu favor.
Ficha Técnica:
Fat Wreck Chords – produzido por CJ Ramone e Paul Miner
CJ Ramone – baixo e vocal
Steve Soto – guitarra e backing vocal
Dan Root – guitarra e backing vocal
Pete Sosa – bateria
Edição Original
A1 Let’s Go
A2 Yeah Yeah Yeah
A3 You’ll Never Make Me Believe
A4 Before The Lights Go Out
A5 Girlfriend In A Graveyard
A6 Tommy’s Gone
B1 Run Around
B2 Steady As She Goes
B3 Without You
B4 Be A Good Girl
B5 Moral To The Story
B6 Pony
O jovem Gabriel Freitas nem era nascido quando os Ramones encerraram as atividades da banda em 1996. No entanto, faz jus ao título desta sessão e mantém o legado da banda vivo.
Além de colecionar discos do quarteto ele também faz parte da banda Ramones B-Sides que presta um tributo aos outsiders do Queens.
Confira abaixo um bate-papo franco e direto:
Sequela Coletiva: Como você conheceu a banda?
Gabriel Freitas: Com o filme ” Pet Sematary “, adorei a trilha sonora nos créditos e corri atras pra saber quem tinha escrito ela (1° louco a curtir a banda por causa da pessoa q escreve a letra)
Qual o primeiro disco da banda em seu acervo?
O primeiro que comprei foi o Brain Drain, mas antes tinha ganhado o Rocket to Russia de um amigo
Atualmente, qual tamanho do seu acervo?
Possuo todos os álbuns de estúdio e um single (Rockway Beach/Locket Love)
Qual item mais caro da sua coleção (valor sentimental ou financeiro…)?
Financeiro foi o Adios Amigos Nacional. O Sentimental Halfway to Sanity
Você tem alguma mania ou exigência em relação ao acervo?
Apenas que trate minhas coisas com o maior zelo possivel
Você costuma dar ênfase para algum material em especial (singles, bootlegs, revistas…)?
Apenas nos Álbuns oficiais (Estúdio e ao vivo) quem sabe mais pra frente em singles e bootlegs
Que outras bandas além de Ramones fazem parte da sua coleção?
Sisters of Mercy
Falando especificamente de Ramones, qual seu disco preferido? E música?
Difícil escolher um… Mas escolheria o Halfway to Sanity, devido ao seu teor underground e mais obscuro
Você toca algum instrumento? Quais?
Sim! Toco guitarra e baixo, não tão bem, mas procuro sempre evoluir
Que item ainda falta e que você não abre mão de ter?
Os álbuns ao vivo, necessito tê-los, principalmente o Greatest Hits Live!
Qual a importância do Ramones na sua vida, fora a questão musical?
Eles me mostraram que mesmo sendo um “estranho” no meio dessa sociedade, podemos dar a volta por cima e conseguir seu devido reconhecimento
Por que a banda despertou tanto seu interesse a ponto de criar um acervo tão grande das obras do Ramones e não de outro artista?
Devido a luta que eles tiveram para ser uma banda de sucesso, as intrigas que Joey e Johnny tiveram entre eles até o fim da banda, Cara, o resumo é por eles terem sido os RAMONES
Qual seu ramone preferido, por quê? Johnny Ramone, pela sua atitude de militar sobre a banda
Já viu a banda ao vivo? onde? quando? o que achou?
Infelizmente não os vi, não havia nascido quando eles acabaram a banda… (Sou de 1997)
crédito das fotos: acervo pessoal de Gabriel Freitas.
Depois do excelente Last Chance to Dance de 2014, eis que CJ Ramone nos presenteia com este compacto, lançado em 30 de novembro de 2015. As duas canções contidas aqui são resultado da parceria do ex-baixista dos Ramones com a banda italiana The Manges – oriundos de La Spezia, onde o quarteto de Nova Iorque se apresentou em 1991.
No lado A, Surfer Girl dos Beach Boys e no oposto, King of the Surf da banda Trashmen, da qual os Ramones emprestaram Surfin’ Bird em 1977 no álbum Rocket to Russia (que contava com ilustrações do mesmo John Holmstrom que aqui assina a arte da capa). Detalhe, a tiragem é de apenas 500 cópias.
Ficha Técnica:
Striped Records
Chris Eller/Manuel Manges – Bateria
Josh Blackway – Guitarra
Andrea Manges – Guitarra/Vocal
CJ Ramone – Baixo/Vocal
Mass Manges – Baixo
Mayo Manges – Guitarra
Traklist:
A1 Surfer Girl (Brian Wilson)
B1 King of the Surf (Larry LaPole)
Minha professora de história no ensino médio dizia: “a história só se repete como uma farsa”. Ela se referia a eventos que ao longo do tempo se parecem muito mas são na verdade, únicos, distintos.
Neste final de semana viajei no tempo tentando reescrever a história. De volta ao dia 9 de novembro de 1994 quando Porto Alegre recebeu Raimundos, Sepultura e Ramones para um show antológico – até hoje celebrado pelos que assistiram e motivo de lamento pelos ausentes.
Pude assistir os Raimundos depois desta data, assim como os Ramones – na verdade alguns deles, e de forma isolada, já em carreira solo. Mas o lamento permaneceu. Agora, findando o mês de abril e inaugurando maio, tive a chance de ver Raimundos e Marky Ramone em solo porto-alegrense com acréscimo da Tequila Baby, que vi em 1998 também com Marky mas durante sua primeira turnê pelo país com os The Intruders.
Os calangos do serrado se apresentaram no sábado com seu forrócore e revisitaram parte da carreira para um público considerável, que não lotou mas ocupou boa parte da casa. Os célebres frequentadores do Puteiro em João Pessoa executaram metade do primeiro álbum e canções do disco seguinte Lavô tá Novo (I sawyousaying, Opa, Peraí Caceta, Esporrei na Manivela, Tora Tora e Eu Quero ver o Oco – esta já durante o bis).
Raimundos ao vivo no Opinião – 30/4/2016
Canções indispensáveis do Lapadas do Povo ficaram de fora. Perderam espaço para repetidos improvisos com trechos de canções do Metallica, Nirvana e outros tantos. Havia ainda previsão de meia hora de clássicos dos Ramones que também não ocorreu.
Em compensação, Boca de Lata, Deixa eu Falar, Me Lambe e A Mais Pedida foram entoadas em uníssono pelos presentes. O quarteto ainda conversou com fãs ao final da empreitada e logo partiu em disparada rumo ao próximo compromisso, ainda naquela noite, em Cachoeira do Sul – distante 200km da capital gaúcha.
Vencida esta primeira etapa, na manhã seguinte foi a vez de encontrar Marky Ramone e sua trupe na porta do hotel. Recém chegando do aeroporto ele atendeu brevemente um pequeno grupo de fãs, posou para fotos e em seguida subiu para o seu quarto.
Oscar Chinellatto, vocalista da Wardogs (excelente banda italiana tributo aos Ramones) dedicou mais tempo conversando e explicando que os últimos dias haviam sido de intensa correria. Shows à noite e viagens durante o dia, mas que enfim teriam uns dias para descanso.
Acompanhado dos argentinos Marcelo Gallo (guitarra) e Alejandro Viejo (baixo), ele preferiu não comentar o incidente no Rio de Janeiro em que a banda deixou o palco prematuramente frustrando fãs depois de meros 50 minutos de apresentação. A seu favor, o entrosamento de repetir a formação que em 2014 excursionou pelo país.
Em Porto Alegre o desafio não seria pequeno. Encerrariam o Let’s Go Punk Rock Festival que ocorreria na tarde de domingo, sediado no mesmo Opinião em que eu estivera na noite anterior.
Fiquei em débito com a rapaziada de São Leopoldo da Flanders 72 pois perdi a abertura que eles fizeram. No currículo, nada menos que terem aberto para CJ Ramone em 2012 (na cidade de Estância Velha), e agora acrescentando mais um ramone na lista.
Em seguida foi a vez da Motor City Madness, de Porto Alegre, com sua mistura punk rock stoner. Em um show competente e preciso justificaram os dois cds na praça e o EP em vinil que sai nos próximos dias.
Motor City Madness
Zumbis do Espaço
Os Zumbis do Espaço pisaram no palco com a casa tendo uma boa ocupação e contaram com boa adesão do público cantando suas músicas que falam essencialmente de horror e morte (como A marca dos 3 noves invertidos, O mal nunca morre e Caminhando e matando – Nos braços da vampira, regravada pelos Inocentes, fechou o set). O baixista Gargoyle, doente, foi substituído neste show por Giovanni Soares do Leather Faces.
Chegou a vez da Tequila Baby tocar. Na condição de donos da festa que eram, foi como time da casa jogando em estádio cheio. Desfilaram seus vários hits, acumulados desde 1994. Prefiro sua mãe, Sangue, ouro e pólvora, Bem-vindo à sua geração, 51, Velhas Fotos eCaindo (versão para I’ve Just Seen a Face dos Beatles) seguindo o script do Gray Matter.
Tequila Baby
Quando Oscar, Gallo e Viejo subiram ao palco e Marky proferiu seu tradicional ‘Hi Everybody’ o que já era festa, virou êxtase. Precedidas pelo ‘one,two,three,four’ as músicas iam se sucedendo em ritmo alucinante. Vinte anos após a dissolução da banda, o baterista não parece sentir o passar do tempo. Tocava com vigor, no entanto, sem fazer o mínimo esforço. Digno de quem conhece todos os atalhos do que faz.
A sequência avassaladora era quase que a reprodução exata do set tradicional dos Ramones. Exceto, claro, pelo fato dele não tocar canções originalmente gravadas com Richie na bateria. E a formação, entrosada, deu conta do recado com méritos.
A essa altura uma senhora de uns 70 anos que havia cantado a plenos pulmões ‘o meu problema é sexo, algemas e cinta-liga’ (hino da Tequila Baby) vibrava com cada canção dos Ramones. Não muito longe dela, a criançada também curtia a apresentação e integrantes das bandas que haviam se apresentado durante toda a tarde também vibravam em meio ao público num clima de festa absoluto sem restrição de idade ou espaço para estrelismos.
Os três primeiros discos continuam servindo de referência principal, mas mesmo assim houve tempo para I Believe in Miracles e Pet Sematary, lançadas em 1989. Para surpresa de muitos ainda rolou Baby I Love You e What a Wonderful World antes do grande desfecho com o Opinião inteiro bradando o lema HEY HO! LET’S GO! de Blitzkrieg Bop – primeira e mais icônica música do quarteto.
Marky Ramone’s Blitzkrieg
Os Ramones, aliás, souberam fazer escola. Tanto os Raimundos na noite de sábado, quanto as bandas que tocaram no domingo, marcaram presença vendendo discos e camisetas – principal fonte de renda do quarteto nova-iorquino ao longo da carreira.
Quando a melancólica My Way na voz de Frank Sinatra tomou conta do sistema de som era sinal que o espetáculo havia terminado. Passados dois bis e uma hora e tanto de duração, era tempo de ir pra casa. Antes das onze da noite de domingo, bastante razoável para quem trabalharia no dia seguinte, seja morando na cidade ou enfrentando estrada de volta para o interior do estado.
O relógio marcava pontualmente 4 horas da manhã com temperatura de um dígito quando desembarquei na rodoviária de Santa Maria – mas isto de nada importava, havia exorcizado ao menos um pouco do fantasma que é não ter visto Raimundos abrindo para os Ramones naquela vez.
A formação dos Raimundos não é mais a mesma e os Ramones se separaram vinte anos atrás. E ainda faltou o Sepultura. Enfim, parece que a história só se repete como uma farsa (e mesmo assim valeu muito a pena).
Hey, Ho… It Was Twenty Years Ago é um disco não oficial dos Ramones contendo dois shows obrigatórios na carreira da banda e que ocorreram em 1976 com três meses de distância entre um e outro.
O primeiro aconteceu na noite de 12 de maio de 1976 no The Club, em Massachusetts. Disponível em outros bootlegs igualmente clássicos como Let’s Dance, Blitzkrieg Over Boston, County Jail e Blitzkrieg ’76, estão presentes aqui as 20 canções daquela apresentação. Uma mescla dos dois primeiros álbuns.
O segundo momento ocorreu em 12 de agosto de 1976 no Roxy Theatre de Los Angeles. A exemplo do que aconteceu em Roxy 76 e Joey is a Punk, aqui também não temos a íntegra daquele show embora possamos conferir Loudmouth – deixada de fora no registro de maio.
Se no bootleg Let’s Dance o destaque nas fotos era Joey Ramone, aqui Dee Dee é quem aparece nos holofotes. Finalizando o disco temos a versão de estúdio de Carbona not Glue, excluída de Leave Home após as primeiras cópias em 1977 e que apareceria novamente em lançamentos oficiais em 1999 com a compilação Hey Ho! Let’s Go: The Anthology.
Leave Home foi relançado em 2001 e além da citada Carbona, conta com este show de agosto – incluindo Babysitter e Today Your Love, Tomorrow the World, aqui deixadas de fora.
Ficha Técnica:
Mastersound
Joey Ramone – vocal
Johnny Ramone – guitarra
Dee Dee Ramone – baixo, backing vocal
Tommy Ramone – bateria
Tracklist:
Gravado no the Club, Cambridge, MA, em 12 de maio de 1976
01 Blitzkrieg Bop
02 I Remember You
03 Gimme Gimme Shock Treatment
04 I Wanna Be Your Boyfriend
05 53rd & 3rd
06 Havana Affair
07 California Sun
08 Judy Is A Punk
09 I Don’t Wanna Walk Around With You
10 Today Your Love, Tomorrow The World
11 Beat On The Brat
12 Now I Wanna Sniff Some Glue
13 Swallow My Pride
14 Glad To See You Go
15 Chainsaw
16 Listen To My Heart
17 Babysitter
18 Oh Oh I Love Her So
19 Commando
20 Let’s Dance
Gravado no the Roxy Theatre, Los Angeles, CA, em 12 de agosto de 1976
21 Loudmouth
22 Beat On The Brat
23 Blitzkrieg Bop
24 I Remember You
25 Glad To See You Go
26 Chainsaw
27 53rd & 3rd
28 I Wanna Be Your Boyfriend
29 Havana Affair
30 Listen To My Heart
31 California Sun
32 Judy Is A Punk
33 I Don’t Wanna Walk Around With You
34 Now I Wanna Sniff Some Glue
35 Let’s Dance
Gravado no Sundragon studio, NYC, em novembro de 1976
36 Carbona not glue
Os Ramones com sua NONSTOP TOUR pegaram a estrada fazendo uma incrível média de 100 shows por ano. Fruto desta hiperatividade surgiram diversos bootlegs ao longo dos anos com shows memoráveis ao redor do globo.
Muitos deles, inclusive, se sobressaem frente a registros oficiais embora boa parte contenha erros grosseiros no crédito das músicas ou mesmo fotos com a formação diferente daquela que se apresentou no referido show. Ossos do ofício do descompromissado mercado de lançamentos não oficiais.
Não é o caso deste compacto com o registro da banda na Itália em 6 de julho de 1991. A começar pela capa que resume a banda com 3×4 precisas dos integrantes e seus principais símbolos: a guitarra mosrite de Johnny, a máscara do Pinhead e uma jaqueta de couro.
São apenas quatro canções de um set bem mais extenso mas ainda assim uma boa amostra do que o quarteto apresentou naquela noite. O disquinho vem embalado em um livreto com três belas fotos da banda e um texto (em italiano) sobre a foto de Joey Ramone na praia – clicada originalmente em 1978 para fotonovela Mutant Monster Beach Party da revista Punk Magazine #15 edição de jul/ago-1978.
Registro à altura do show inaugural da banda pela Europa naquele ano com o detalhe de ter tiragem limitada e ser numerado a mão.
Ficha Técnica:
Mosrite Recordings
Joey Ramone – vocal
Johnny Ramone – guitarra
CJ Ramone – baixo, backing vocal
Marky Ramone – bateria
01 – Durango 95
02 – Teenage Lobotomy
03 – Psycho Therapy
04 – Blitzkrieg Bop
05 – Do You Remember Rock ‘N’ Roll Radio
06 – I Believe In Miracles
07 – Gimme Gimme Shock Treatment
08 – Rock ‘N’ Roll High School 09 – I Wanna Be Sedated
10 – The KKK Took My Baby Away
11 – I Wanna Live
12 – My Brain Is Hanging Upside Down (Bonzo Goes to Bitburg)
13 – Commando
14 – Sheena is a Punk Rocker
15 – Rockaway Beach
16 – Pet Sematary
17 – 53rd & 3rd
18 – Glad to See You Go
19 – Mama’s Boy
20 – Animal Boy
21 – Wart Hog
22 – Surfin’ Bird
23 – Cretin Hop
24 – I Don’t Wanna Walk Around With You
25 – Today Your Love, Tomorrow The World
26 – Pinhead
Neste disco de Luxemburgo lançado em 2002, os Ramones tocam seu set básico poucos meses após lançar seu debut mas já antecipando algumas canções que seriam apresentadas no ano seguinte em Leave Home.
Este show aconteceu na noite de 12 de agosto de 1976 no Roxy Theatre de Los Angeles. Today your Love, Tomorrow the World apesar de ter sido executada no show, ficou de fora do disco que é finalizado com a dobradinha Let’s Dance – Now I Wanna Sniff Some Glue no bis.
Com boa interação do público, tem qualidade de áudio bastante aceitável apesar de tratar-se de um bootleg e é um belo registro da banda enquanto ela engrenava na estrada. Naquele ano seriam 80 shows e no ano seguinte quase o dobro (149, para ser exato).
Ficha Técnica:
Les Editions G.B.G.B.H.
Joey Ramone – vocal
Johnny Ramone – guitarra
Dee Dee Ramone – baixo, backing vocal
Tommy Ramone – bateria
Lado A:
01 Loudmouth
02 Beat On The Brat
03 Blitzkrieg Bop
04 I Remember You
05 Glad To See You Go
06 Chainsaw
07 53rd & 3rd Lado B:
01 I Wanna Be Your Boyfriend
02 Havana Affair
03 Listen To My Heart
04 California Sun
05 Judy Is A Punk
06 I Don’t Wanna Walk Around With You
07 Now I Wanna Sniff Some Glue
08 Let’s Dance
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No tributo The Bowery Electric os ex-integrantes dos Ramones decidiram homenagear seu antigo vocalista, Joey Ramone. Na bela letra da canção título eles falam em uma cidade menos divertida e com menos bondade sem seu ilustre morador morto em 2001.
Por aqui, os cariocas da Carbona já cantaram sobre ‘o mundo sem Joey‘, música de onde empresto o título para este post. Mas, como seria a banda sem seu frontman e fundador? O brother Anderson Lima fez uma compilação com os registros da banda em estúdio sem Joey a cargo dos vocais – incluindo algumas músicas conhecidas na sua voz mas que ganharam versões alternativas com Dee Dee e Richie em seu lugar.
O primeiro registro sem Joey nos vocais é uma tímida versão de I’m Not An Answer com Dee Dee em um take alternativo, diferente do que foi incluído no álbum Pleasant Dreams (1981).
Foi no disco seguinte, Subterranean Jungle – sétimo de estúdio na carreira do quarteto, que Dee Dee estrearia oficialmente assumindo os vocais interpretando Time Bomb, composta por ele.
O álbum posterior, Too Tough To Die, é o que tem mais canções/versões sem Joey. Sem contar Durango 95 (única instrumental de toda carreira dos Ramones) temos Wart Hog e Endless Vacation com vocais de Dee Dee – estas inclusas no lançamento oficial.
Nas sessões de TTTD, o baterista Richie Ramone gravou Smash You e Elevator Operator que permaneceriam inéditas até serem conhecidas mais tarde a partir de bootlegs e relançamentos oficiais a exemplo das versões gravadas por Dee Dee para I’m Not Afraid of Life, Too Tough to Die, Danger Zone e Planet Earth 1988.
Para Animal Boy, lançamento de 1986, Dee Dee cantou em Love Kills e Eat that Rat enquanto Richie (mais uma vez de fora dos lançamentos oficiais) deixou registrada a ótima Can’t Say Anything Nice.
Nos dois discos seguintes (Halfway to Sanity e Brain Drain) apenas uma música em cada não teve Joey à frente da banda. I Lost My Mind e Punishments Fits The Crime, respectivamente, foram cantadas por Dee Dee que deixaria a banda em 1989.
CJ Ramone foi trazido para assumir o posto trazendo novo fôlego para banda e contribuiria com performances em Strength to Endure (com direito a videoclipe) e Main Man, ambas composições de Dee Dee para o disco Mondo Bizarro.
Acid Eaters não trazia canções originais mas teve Journey to The Center of The Mind, The Shape of Things to Come e My Back Pages com o novo baixista como cantor.
Adios Amigos encerraria a carreira da banda em estúdio e traria CJ em quatro momentos: Making Monsters for My Friends, The Crusher, Cretin Family e Scattergun. A versão japonesa ainda ofereceria de bônus R.A.M.O.N.E.S. em versão alternativa também com CJ nos vocais. O ao vivo Greatest Hits Live conta com uma versão de estúdio com Joey nos vocais.
Na fase pós banda, que se dissolveu em 1996, Dee Dee registrou versão para onze canções em seu Greatest and Latest: Blitzkrieg Bop, Time Bomb, Sheena Is a Punk Rocker, I Wanna Be Sedated, Cretin Hop, Teenage Lobotomy, Gimme Gimme Shock Treatment, Come On Now, Pinhead, Rockaway Beach e Beat On the Brat sendo que já havia regravado All’s Quiet on The Eastern Front no disco I Hate Freaks Like You de 1994.
Mais recentemente Richie lançou seu primeiro disco solo (Entitled) e não fugiu do repertório ramônico fazendo releituras para Somebody Put Something In My Drink, I Know Better Now, Smash You, I’m Not Jesus e Humankind – todas compostas nas sessões para os três discos que registrou como baterista do quarteto.
CJ, em suas recentes turnês, interpreta diversas canções dos Ramones mas curiosamente muito pouco das que foi responsável pela gravação dos vocais ou que interpretava em lugar de Dee Dee.
Por outro lado, é curioso o quanto canções consagradas na voz de Joey soam descaracterizadas quando trocam de intérprete reforçando sua força como artista único. Assim como é difícil imaginar temas mais hardcore como Wart Hog, Cretin Family ou Love Kills interpretadas por ele ao invés do baixista.
Em resumo, mais um pretexto para ouvir a discografia da banda novamente e tirar suas próprias conclusões.
Muito bom! Bom material… sentimento: escutar essas músicas “sem Joey”, só me faz pensar em como estou ficando velha e como o mundo sem Joey fica cada dia mais deprimente…saudades eternas Joey Ramones.
O lendário Lemmy definiu o visual como “black leather, knee-hole pants”. E assim, os Ramones inventaram o visual do que ficaria conhecido como Punk e, por 22 anos ininterruptos, a trajetória do fast four caminhou de mãos dadas com uma das mais icônicas peças de vestuário existentes, a jaqueta de couro.
A história das emblemáticas jaquetas de couro usadas pela banda confunde-se com a história de uma das mais tradicionais fabricantes de jaquetas dos EUA, a Schott NYC. Criada em 1913 pelos irmãos Irving e Jack Schott, a companhia era responsável pela fabricação de roupas impermeáveis, resistentes e que tinham uma boa resposta contra intempéries.
Mas foi em 1928 que o mais clássico modelo das jaquetas Schott chegou ao mercado. Alcunhado em homenagem ao charuto preferido de Irving Schott, o modelo chamar-se-ia Perfecto. Em 1940, surge o modelo Perfecto 613, apelidado de “The One Star Jacket”, devido à estrela que trazia nas ombreiras.
Schott Perfecto 613
O pós-guerra trouxe uma grande mudança no ritmo e estilo de vida do cidadão americano. Os garotos que retornavam do front não queriam mais usar o bom e velho terno engomado. Os cabelos já não se apresentavam tão comportados e as jaquetas entram em cena como símbolo de renovação e rebeldia. “É o visual da garotada americana, que está aí há um bocado de tempo, desde os anos 50”, afirma o baixista CJ Ramone. No início da década de 50, o modelo Perfecto 618 chega ao mercado.
Schott Perfecto 618
Apesar de fabricarem inúmeros modelos de jaquetas, as Schott Perfecto 613 e 618 marcaram definitivamente. Ambas ficaram amplamente conhecidas através das telas dos cinemas. Marlon Brando, em “The Wild One”, tornou-se um ícone da cultura pop ao encarnar Johnny Strabler. A jaqueta de couro e o quepe de lado tornaram-se marcas registradas do filme. É possível ver a influência do estilo em diversos outros filmes, como em “Grease” e “Cry Baby”. Mesmo naquelas jaquetas que não eram fabricadas pela Schott Bros., notamos a influência do modelo Perfecto.
Marlon Brando, no clássico “The Wild One”
Dennis Stewart, no filme “Grease”, usando uma Schott 613 “one star”
Johnny Depp, em “Cry Baby”
Em 1976, uma capa de disco trouxe, em definitivo, a jaqueta de couro para o visual rocker. Punk rocker, pra ser mais específico. Os Ramones, fotografados naquela ocasião por Roberta Bailey, chamaram a atenção pelo visual minimalista e uniforme. “Era o meu ‘uniforme’, quando eu era garoto”, relembra CJ. Literalmente: Jeans, tênis surrados e a jaqueta de couro. Tudo bem, sabemos que, na primeira capa, apenas Johnny vestia uma Schott Perfecto. Mas o estilo estava definido. Daí por diante, poderíamos ver os garotos desfilando suas jaquetas em praticamente todas as capas de álbuns em que apareciam. E o “praticamente” não foi usado por acaso, pois, na capa do álbum “End Of The Century”, fotografada por Mick Rock, eles quebraram o protocolo. Pareciam bons meninos, bem diferentes da foto do encarte.
A clássica capa do álbum homônimo
No encarte de “End Of The Century”, as jaquetas marcam presença
A composição das artes dos álbuns era ajudada pelo estilo rústico das jaquetas. Tal característica fica bastante evidente na contracapa do álbum “Too Tough To Die”. O pano de fundo utilizado, com seu zíper devidamente enquadrado, era uma jaqueta Perfecto. Em “Animal Boy”, na atmosfera de backstage criada para sua contracapa, encontramos nada mais nada menos que a boa e velha jaqueta jogada, compondo o visual. Sem mencionar a arte do CD de “Ramonesmania 2”, lançamento exclusivo do Japão.
“Too Tough To Die”
“Animal Boy”
Arte do CD “Ramonesmania 2”
A rotina não seria diferente no que diz respeito ao material promocional da banda. As sessões de fotos deveriam ser feitas com o “uniforme” completo. George DuBose, fotógrafo oficial dos Ramones por cerca de 13 anos, teve a oportunidade de registrar e imortalizar o estilo da banda em diversas ocasiões. Até mesmo Clem Burke, o famoso Elvis Ramone, que posou com uma inusitada camisa Coco Chanel, trazia consigo sua Perfecto.
Clem (segundo da esq para dir), em sua breve passagem como Elvis Ramone
CJ, o último Ramone, teve a responsabilidade de receber não só o baixo de Dee Dee, mas também a jaqueta. “Me deram a jaqueta usada por Dee Dee. Usei durante os sete anos em que estive na banda, exceto por uma vez ou outra, quando usei minha própria”, revela.
CJ Ramone, em 1996
Com mais de 100 anos de estrada, a Schott NYC continua fabricando seus modelos clássicos. É possível encontrá-las, em grande quantidade e variedade, no próprio site da Schott, no Ebay (em especial pra quem está à procura de um modelo vintage) ou numa terceira opção chamada Rakuten Global Market. É nessa hora que surgem as dúvidas relacionadas ao design de cada tipo de jaqueta.
É muito importante, especialmente para aquisições de jaquetas novas, que seja fielmente seguida a tabela de medidas fornecidas pelo vendedor. As jaquetas costumam ser bem fiéis ao tamanho indicado. Outra dica importantíssima é saber a origem da jaqueta. Ok, todas são fabricadas nos EUA. Mas nem todas são fabricadas para o público americano. Um exemplo clássico disso é o modelo 613US, fabricado nos EUA, mas vendido, exclusivamente, no mercado Japonês.
Schott 613, vendida dos EUA
Exatamente o que você leu. Não é possível, inclusive para cidadãos americanos, adquirir esse modelo nos EUA, mesmo direto com o fabricante. A diferença básica está na largura das mangas. As jaquetas 613 fabricadas atualmente (para o mercado americano) possuem uma circunferência de manga bem exagerada, diferente das vintage.
Essa tendência pode ser explicada, talvez, pela mudança do perfil corporal do cidadão americano. Resumindo: você fica “bem” na jaqueta, mas seus braços “somem” dentro da jaqueta. Se você não for um bombadinho e nem pensa em viver os próximos anos dentro de uma academia, fuja.
Em contrapartida, o modelo 613US, fabricado exclusivamente para o Japão, possui um design mais justo. Lembram bastante os modelos usados por Johnny e Dee Dee nos anos 70. As mangas são bem mais ajustadas ao braço.
Schott 613US, exclusividade japonesa
É possível encontrar também a Schott 613US Long Riders, feita para japoneses mais altos que a média do país. A diferença no preço é substancial, normalmente de 50 a 100 dólares.
O mais importante é encontrar o modelo que lhe agrade. Como mencionado anteriormente, as jaquetas modelo Perfecto não são fabricadas exclusivamente pela Schott Bros. Inúmeras outras fabricantes foram “inspiradas” pelo modelo. É possível encontrar boas jaquetas por aí, como as das marcas Wilson’s e Excelled. Entretanto, vale ressaltar que a verdadeira Perfecto é originalmente fabricada pela Schott.
Passados quase vinte anos após os Ramones seguirem caminhos distintos, o legado da banda permanece vivo e sua relevância é mais do que presente em incontáveis blogs e publicações dedicados ao assunto.
Mas se você era fã da banda antes da metade dos anos 1990 a realidade era outra. As poucas informações disponíveis dependiam de revistas especializadas (nem sempre com dados corretos) até que em 1993 Jim Bessman lançou Ramones: An American Band, feito com a colaboração dos integrantes da banda.
Seguindo a mesma linha narrativa (algumas incluindo a famosa lista de shows ao final do livro ou o catálogo de singles e discos editados pelo quarteto) as biografias que viriam a seguir bebem da fonte de Bessman. A produção de cada disco, a troca de integrantes e o famoso atrito motivado por uma namorada são contados em seu livro com detalhes e de forma pioneira.
Abaixo você confere um bate papo com o autor (hoje colaborador do Examiner.com) onde ele conta um pouco dos bastidores desta obra que, infelizmente, tende a permanecer inédita no Brasil.
Sequela Coletiva: Como você conheceu a banda e como começou a trabalhar com eles? Jim Bessman: Não diria que comecei a trabalhar com a banda (já que não me pagaram para escrever o livro e a idéia foi minha), mas exceto por Dee Dee todos eles colaboraram. Quando consegui o acordo para o livro – o que exigia a concordância dos demais – comecei a ‘trabalhar com eles’, embora os conhecesse desde final dos anos 1970 quando eles foram pela primeira vez para Madison (Wisconsin), de onde sou e onde escrevi sobre eles três ou quatro vezes antes de mudar para Nova Iorque.
SC: Como surgiu a idéia de escrever um livro sobre eles? De quem foi a idéia e como você se envolveu? JB: Tive esta idéia alguns anos antes de conseguir um acordo. Levei para um amigo editor que não topou na época e uns anos mais tarde acabou me procurando. Eu queria lançá-lo desde que os conheci um pouco melhor, e não achava que mais ninguém pudesse fazê-lo – e que eles podiam nunca ter o reconhecimento que mereciam. Por sorte eu estava errado.
SC: Houve alguma interferência dos membros da banda no resultado final? JB: Joey, que era provavelmente mais meu amigo, não gostou e foi muito frio comigo por anos. Dee Dee, com quem eu tinha amizade, desde o começo não colaborou e se tornou bem hostil. Acho que foi porque estava escrevendo seu próprio livro. John foi muito legal a respeito. Tommy e Marky também.
SC: Considero seu livro como a Bíblia dos Ramones, e se parece com uma, é coincidência? JB: Gostei disso mas só posso dizer que embora a capa seja brilhante, não foi minha idéia. O título foi, mas o design é do editor James Fitzgerald.
SC: Muitos dos livros lançados mais tarde são mais do mesmo em relação ao seu pois ele tornou-se a principal referência a respeito dos Ramones. Existe algum plano de autalizá-lo com os últimos anos da banda? JB: Boa pergunta. Foi difícil publicá-lo para começar, e com todos os livros desde então, se torna difícil conseguir relançá-lo. Portanto, agora, não tenho nenhum plano.
SC: Desde 1993 vários livros a respeito dos Ramones foram lançados, alguns deles em português. Alguma chance de tradução do seu? JB: Acho que não cabe a mim traduzi-lo, já que a editora detém os direitos. Foi traduzido para japonês e alemão.
SC: Como a perda dos membros originais (Dee Dee, Joey, Johnny e Tommy) impactou sua vida? JB: Depois que o livro saiu minha relação com a banda esfriou, mais ainda depois que se separaram. Fiquei muito triste com suas mortes, claro. Foram trágicas do ponto de vista que eram todos relativamente jovens – e, evidente, que eram muito importantes para mim como fã e escritor.
SC: Parece que o sucesso só veio após a separação da banda. Você concorda? Porque? JB: Sim e não. Eles sempre foram bem sucedidos o suficiente para continuar lançando discos, excursionando e vendendo merchandise – um belo feito para uma banda que não vendia muitos discos e tocava tão pouco na rádio. Mas eles aproveitaram, mesmo que brevemente, o reconhecimento após o término graças a sua indução ao Rock and Roll Hall of Fame, o reconhecimento de Joey e o aumento e reconhecimento adequado de sua imensa influência para jovens artistas que vieram depois. E ainda, músicas como “Blitzkrieg Bop” e “I Wanna Be Sedated” se tornaram hinos.
SC: Você atualmente é um colaborador da Examiner.com, como é seu trabalho lá? JB: Sou um dos centenas de colaboradores. Acredito que o leitor deva julgar meu trabalho por si próprio. Tudo que posso dizer é que como os Ramones e todo o resto, faço o melhor que posso sobre aquilo realmente me importo.
SC: Para terminar, que legado os Ramones nos deixaram? JB: Inicialmente grande música, claro, e a auto-realização de que você não precisa seguir as convenções e ser virtuoso ou fotogênico para ser um rock star, isto por si só é uma contribuição positiva para cultura.
Como você conheceu a banda?
Conheci a banda no começo de 1991 através de um colega na escola quando eu tinha 12 anos de idade. Ele era fã e me mostrou algumas músicas como I wanna be sedated, Rockaway Beach e não gostei de Ramones (!). Em princípio achei que a banda tocava cumbia ou algo assim a julgar pelo nome, mas ele insistiu muito. Música a música todo o tempo que estávamos juntos na escola até o dia em que ele tocou Sheena is a Punk Rocker e virou amor que dura até hoje.
Qual o primeiro disco da banda em seu acervo?
O primeiro disco oficial que comprei foi a K7 de Loco Live, o primeiro CD foi Mondo Bizarro, meu primeiro LP foi Road to Ruin.
Meus primeiríssimos discos foram em K7 (TDK e SONY) copiadas dos cds All the stuff (and more) vol.2 e Ramones Mania… você pode imaginar minha cara na primeira reprodução da minha fita de “Loco live” nova em folha, que choque! Eles tocavam tão rápido as música que eu conhecia! Mas amei.
Atualmente, qual tamanho do seu acervo?
Acredito que minha coleção esteja numa escala intermediária em nível mundial. Me atrevo a pensar que a minha é a maior na área de Rosario/Santa Fe (Argentina). Mas não é uma competição ou não vejo desta forma.
Qual item mais caro da sua coleção (valor sentimental ou financeiro…)?
Tenho dois objetos que amo, o cd que começou tudo para mim: “all the stuff (and more) vol 2” onde ouvi “Sheena” pela primeira vez e caí de amores pela banda. Meu amigo Matias (r.i.p.) que me apresentou a banda. Ele me deu o cd como presente de aniversário, este cd não tem um valor financeiro para mim.
O segundo objeto é uma palheta do Johnny de um show em 1991, sem preço também.
Você tem alguma mania ou exigência em relação ao acervo?
Devo admitir que não gosto que as pessoas manipulem minhas coisas sem o devido respeito a um objeto que durou mais de 35 anos em alguns casos.
Você costuma dar ênfase para algum material em especial (singles, bootlegs, revistas…)?
Só coleciono material oficial (de Ramones à carreira solo dos membros pré ou posterior a banda). Apenas para definir um limite e não acabar com minhas economias. Assim minha esposa também não me mata, obviamente se tenho acesso a algum material não oficial ou bootleg é bem-vindo, mas não perco o sono por isto…
Gosto de colecionar singles em 7″. Como disse, apenas como forma de ter um limite, amo memorabilia e conservá-la enquadrada. Tenho várias revistas da era de ouro dos Ramones na Argentina (de 1991 a 1997 aproximadamente) mas não coleciono recortes de revistas.
Amo Ramones e música em geral, acho que meus cds e minhas coisas ligadas à música serão meu legado para meu futuro filho e irão apresentar ele/ela aos Ramones.
Que outras bandas além de Ramones fazem parte da sua coleção?
Gosto de ter discografias completas em cd: Beatles, Iggy Pop, Motorhead, Bad Religion, Metallica, Megadeth, Green Day, Pantera, Iron Maiden e outros tantos. Como disse, quero deixar algum tipo de legado musical como educação.
Falando especificamente de Ramones, qual seu disco preferido? E música?
Definitivamente “Road to ruin” é meu disco favorito. Tem todos os estilos de música dos Ramones: rápida, lenta e o meio termo. Mudanças rápidas de acorde, letras loucas, divertidas, canções de amor e existencialistas (tudo no estilo Ramone). Amo cada disco que os Ramones fizeram, todos tem sua beleza e eu não poderia escolher uma música como favorita, é uma questão de momento.
Você toca algum instrumento? Quais?
Toco bateria, guitarra, um pouco de baixo e um pouquinho de piano. Não sou realmente bom em nenhum deles mas consigo tocar qualquer música da banda na guitarra se me pedirem. Obrigado Johnny!!
Que item ainda falta e que você não abre mão de ter?
Gostaria de encontrar o primeiro single (“Blitzkrieg bop/ Havana affair”) em vinil. Este é difícil de achar e os correios na Argentina tornam um pouco mais duro ao comprar de fora do país pois eles quebram, perdem ou roubam a maioria das coisas que compramos… É muito triste e este item já é caro.
Qual a importância do Ramones na sua vida, fora a questão musical?
Considero eles como parte da minha família, sempre desejei o melhor a eles. Todos na banda tem uma grande personalidade e algo a ensinar, para o bem ou para o mal. Eles foram boas pessoas e sempre achei que eles tinham um bom modelo de regras para um adolescente que quer ter um ídolo, eles eram pessoas de verdade e não estrelas do rock e a coisa mais importante é que eles me deram uma válvula de escape, me deram satisfação e companhia quando precisei… É importante saber que tenho estas três coisas ao apertar o play… não tem preço.
Por que a banda despertou tanto seu interesse a ponto de criar um acervo tão grande das obras do Ramones e não de outro artista?
Os Ramones e sua música representam uma válvula de escape, um tipo de felicidade, meu lugar no mundo… os Ramones foram a maneira com que conheci a maioria dos meus melhores amigos… Sinto como se devesse a eles o escape, a alegria, meus melhores amigos e meu lugar no mundo…
Qual seu ramone preferido, por quê?
Johnny Ramone é definitivamente meu favorito. Sua teimosia foi o que fez com que a banda continuasse apesar de tudo, sem ele a banda teria acabado no começo dos anos 1980. Infelizmente para o resto da banda, ele só sabia fazer as coisas de uma formar, militarmente
Era seu jeito de ser profissional, ou o mais próximo disto.
Musicalmente, amo seu jeito de tocar e sua marca na história da música. Ele é um dos que levou a guitarra de volta a garotos sem experiência que procuram diversão, roubando dos deuses de 6 cordas, que costumavam considerá-los nerds.
Já viu a banda ao vivo? onde? quando? o que achou?
Vi a banda ao vivo 4 vezes e ainda mantenho a experiência em meus ouvidos e meu coração, obrigado Deus!
Vi eles em Buenos Aires no estádio do Velez Sarsfield com abertura do Motorhead em 14 de maio de 1994. Mais tarde no mesmo ano, na tour Acid Chaos em Rosario, minha cidade natal (300kms de Buenos Aires) em 16 de novembro de 1994. Em Buenos Aires no estádio Obras Sanitarias em 7 de outubro de 1995 e no último show fora dos Estados Unidos no estádio do River Plate em 16 de março de 1996 com Die Toten Hosen e Iggy Pop abrindo. Foi como um choque elétrico, nunca senti nada como isto com música antes ou depois dos Ramones, foi felicidade em estado bruto.
Em agosto de 2014 foi anunciado que a gravadora Fat Wreck Chords de Fat Mike (NOFX) iria lançar o novo álbum de CJ Ramone e já no mês seguinte saiu o single com Understand Me? (falando que é preciso acreditar para as coisas darem certo) e Rise Above (cover do Black Flag gravada e mixada por Daniel Rey durante as sessões do álbum anterior de CJ, Reconquista).
Last Chance To Dance (segundo disco em que o artista assina como CJ Ramone), lançado em 25 de novembro, tem a faixa título do single abrindo caminho para mais onze músicas sendo que algumas delas apresentadas por CJ em sua mais recente turnê no Brasil.
Para as gravações nada menos que Steve Soto e Dan Root (Adolescents) nas guitarras/backing vocals e David Hidalgo Jr (Social Distortion) na bateria, além da produção executiva de Jiro Okabe (também produtor de Reconquista e baixista em Entitled de Richie Ramone).
A autobiográfica Won’t Stop Swinging ganhou vídeo gravado no Bar Opinião em Porto Alegre e conta a trajetória do músico antes de ficar conhecido como baixista dos Ramones.
One More Chance é a promessa de fazer a coisa certa depois de um arrependido pedido de desculpas e Carry Me Away fala sobre ficar três anos no mar longe de Evangeline, suplicando aos amigos que o levem de volta pra casa. O Final é de cortar o coração.
‘Til The End é uma bela balada com letra simplista que se encaixaria muito bem em um single com Life’s a Gas enquanto Long Way To Go fecha o lado A deixando claro que há um longo caminho pela frente.
Mr. Kalashnikov (tributo a Mikhail Kalashnikov, criador da AK-47) dá início à segunda metade da empreitada e é a única a chegar a quatro minutos de duração e precede as rápidas Pitstop e Grunt que logo são interrompidas pela balada You Own Me (que se identifica mais com as primeiras canções do disco).
Pra fechar, impossível não lembrar de Teenage Lobotomy logo nas primeiras batidas de Last Chance To Dance, canção animada mas também nostálgica. Clusterfuck é um rolo compressor sem freios ladeira abaixo durante 59 segundos.
A exemplo do single (lançado nas cores preta e verde) o disco ganhou duas edições em LP: rajado em branco/preto e todo preto além do CD em formato digipack.
Fica a torcida para que CJ continue lançando bons discos como este e que não seja de fato nossa última chance de dançar ao som de um Ramone.
Ficha Técnica:
The Raven and The Crow Inc e Fat Wreck Chords – produzido por CJ Ramone, Jim Monroe e Steve Soto.
CJ Ramone – baixo e vocal
Steve Soto – guitarra e backing vocal
Dan Root – guitarra e backing vocal
David Hidalgo Jr – bateria
Pete Sosa – percussão
Edição Original
01 Understand Me? 2:08
02 Won’t Stop Swinging 2:00
03 One More Chance 1:51
04 Carry Me Away 3:10
05 ‘Til The End 2:48
06 Long Way To Go 2:33
07 Mr. Kalashnikov 4:04
08 Pitstop 2:26
09 Grunt 1:33
10 You Own Me 2:42
11 Last Chance To Dance 3:12
12 Clusterfuck 0:59
Não conheço outro gênero musical que, tal como o rock n’ roll, crie tamanho senso de unidade em seus adeptos. Você chega no primeiro dia de aula e no fundo da sala vê alguém com uma camiseta de banda e instintivamente já sabe que vai ter companhia e assunto para o restante do ano.
E ninguém melhor que os Ramones para personificar este conceito de irmandade. A adoção de sobrenomes idênticos (o que faz muitos leigos acharem que eram todos parentes) mas principalmente a persistência por tocar tanto tempo juntos apesar de todas as divergências – como se fossem de fato uma família de quem você pode até não gostar eventualmente, mas que não se desfaz por nada.
Este sentimento ao longo do tempo foi incorporado pelos fãs da banda. Seja no Brasil, Argentina, Chile, Finlândia, Itália ou Japão, eles absorveram este espírito em parte por culpa de Joey e Dee Dee com suas letras sobre famílias disfuncionais mas ao mesmo tempo felizes (We’re a Happy Family e Cretin Family, para dar apenas dois exemplos mais explícitos).
Foi com este espírito de família reunida que na noite de sexta, 21 de novembro, fãs de vários lugares do Brasil se reuniram na capital paranaense para prestigiar o lendário baterista Marky Ramone. Ele tocou em mais discos e em mais shows que qualquer outro que assumiu este posto ao longo dos 22 anos de carreira da banda.
É verdade que nem por isto ele é uma unanimidade, principalmente nos últimos anos quando não se esquiva de declarações polêmicas se autointitulando o único e verdadeiro defensor do legado ramônico na terra – mesmo sendo esta uma discussão estéril.
Polêmicas à parte, ele recebeu fãs no lobby do hotel onde tirou fotos e por um bom tempo autografou, literalmente, mais de uma centena de itens esbanjando simpatia e pedindo “publiquem as fotos no twitter e instagram” e ao final da sessão improvisada fez questão de posar para foto com alguns dos itens que recém assinara.
Para o show no Music Hall, ele contou com a companhia do guitarrista Marcelo Gallo e a surpresa Oscar (John Fontaine, vocalista da italiana Wardogs) substituindo Michale Graves que o acompanhou nas últimas turnês de sua Marky Ramone’s Blitzkrieg. Passagem de som feita e casa com boa presença de público, restou ao quarteto subir ao palco e mandar ver três dezenas de hits ramônicos.
O estilo de Oscar lembra Joey no começo da carreira, claro que o biotipo alto e magro ajuda, mas sua principal contribuição é a execução sem firulas nem paradas o que contribuiu para fluidez do show. Com Menos pausas restou a Marc Bell surrar a bateria impiedosamente.
Clássicos absolutos como Cretin Hop, Rockaway Beach, I Wanna Be Sedated e Judy is a Punk foram apresentados em velocidade ultrasônica ao longo de pouco mais de uma hora e dois bis.
Do you remember Rock n’ Roll Radio embalou a homenagem a Tommy Ramone, baterista a quem Marky sucedeu na banda. Tomorrow She Goes Away surgiu como uma bela surpresa em meio a hits que não poderiam ficar de fora como I Believe in Miracles e The KKK Took My Baby Away.
Numa clara homenagem a Joey, a dobradinha Life’s a Gas (uma pérola de uma linha só: “não fique triste pois eu estarei lá, não fique triste mesmo”) e What a Wonderful World (única que não faz parte do repertório do quarteto).
Ao final, vários amigos unidos a partir do interesse comum nesta banda única e o êxtase de ver um ‘senhor’ de 56 anos tocando bateria como fosse uma locomotiva sem freios e fechando o show com Blitzkrieg Bop. Você pode estar pensando “mas então foi um show tributo aos Ramones?”, sim, mas com um Ramone na bateria.
Setlist:
rockaway beach / teenage lobotomy / psycho therapy / do you wanna dance / i don’t care / sheena is a punk rocker / 53rd and 3rd / now i wanna sniff some glue / gimme gimme shock treatment / rock ‘n’ roll high school / oh oh i love her so / tomorrow she goes away / surfin’ bird / judy is a punk / i believe in miracles / the kkk took my baby away / pet sematary / chinese rock / i wanna be sedated / i don’t wanna walk around with you / pinhead
rock ‘n’ roll radio / i just want to have something to do / i don’t wanna grow up / cretin hop / ramones
i wanna be your boyfriend / life’s a gas / what a wonderful world / blitzkrieg bop
Lançado pelo selo finlandês Woimasointu em 1º de fevereiro de 2002, este compacto conta com duas canções lançadas no álbum Hop Around (Born to Lose, cover de Johnny Thunders, e Hop Around, canção de Dee Dee Ramone).
Editado em vinil preto e também em edição limitada em azul (300) e branco (300), a foto da sua capa é de Jari-Pekka Laitio, autor de Heaven Needed a Lead Singer, Rock in Peace e Soundtrack of Our Lives.
Ficha Técnica:
Woimasointu Records – produzido por Chris Spedding
Dee Dee Ramone – Guitarra/vocal
Barbara Zampini – Baixo/vocal
Billy Rogers – Bateria
Chris Spedding – guitarra
Com a dissolução dos Los Gusanos, CJ Ramone partiu para uma nova empreitada. Em princípio o projeto chamava-se The Warm Jets.
O resultado foi este lançamento feito pela ACME Records que teve tiragem de 113 cópias em vinil branco e outras 783 em vinil transparente. Pouco depois o nome foi deixado de lado e surgia Bad Chopper, disco homônimo lançado em 2007, precedido pelo compacto Real Bad Time.
Ficha Técnica:
ACME Records – produzido por The Warm Jets
John – Guitarra
CJ Ramone – Baixo/vocal
Mark Sheehan – Bateria
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